O recurso de Conor McGregor num caso cível em que foi considerado responsável por alegadamente agredir sexualmente uma mulher em 2018 tomou uma nova direção, com a entrega de provas aos procuradores sobre possíveis acusações de perjúrio.
As sessões judiciais, que decorreram esta semana na Irlanda, viram os advogados de McGregor e de Nikita Hand — a mulher que acusou a estrela do UFC de a agredir num hotel de Dublin — debaterem provas que foram inicialmente apresentadas e depois retiradas durante a audiência.
A Controvérsia das Declarações Juradas
As provas em questão centravam-se em declarações juradas prestadas por duas testemunhas, Samantha O’Reilly e Steven Cummins, que eram vizinhos de Hand em 2018. O casal alegou nas declarações ter ouvido uma discussão entre Hand e o seu então namorado na noite de 9 de dezembro de 2018, após o alegado ataque com McGregor.
O’Reilly alegou ter testemunhado o namorado de Hand a empurrá-la e a fazer movimentos como se a estivesse a socar e a pontapear durante a discussão. Cummins, por sua vez, afirmou ter sido acordado por gritos e berros vindos da casa de Hand, mas não viu o que realmente aconteceu.
Esta prova foi apresentada pelos advogados de McGregor como uma possível indicação de que as lesões documentadas de Hand teriam resultado dessa altercação e não do alegado ataque inicial.
Retirada de Provas e Acusações de Perjúrio
O testemunho e as provas foram subitamente retirados pelos advogados de McGregor em tribunal, levando o advogado de Hand a exigir um pedido de desculpas por toda a situação, especialmente depois de as alegações se terem tornado públicas. Numa audiência anterior, o advogado de Hand tinha declarado em tribunal que lhe deveria ser permitido “contrainterrogar a Sra. O’Reilly e o seu companheiro [e o Sr. Cummins] e depois encaminhar o assunto para processos de perjúrio junto do Diretor do Ministério Público e de suborno de perjúrio contra o Sr. McGregor.”
Embora ainda não haja uma decisão sobre o recurso, os juízes que supervisionam o caso afirmaram que iriam encaminhar o assunto para o Diretor do Ministério Público. Os procuradores examinarão as provas e determinarão se foi cometido algum perjúrio, podendo os envolvidos enfrentar uma possível acusação criminal.
O desenrolar do caso foi amplamente noticiado por diversos meios de comunicação.
Contexto do Recurso Original
O recurso inicial de McGregor surgiu após um júri o ter considerado responsável por agredir sexualmente Hand em 2018, ordenando ao ex-campeão do UFC o pagamento de €248.603,60 (aproximadamente $258.440) em danos, juntamente com honorários advocatícios.
Imediatamente após o fim do julgamento, McGregor declarou a sua inocência e prometeu recorrer da decisão.
No passado mês de novembro, McGregor escreveu: “As pessoas querem ouvir-me, precisei de tempo. Sei que cometi erros. Há seis anos, nunca devia ter respondido aos contactos dela. Devia ter acabado com a festa. Nunca devia ter traído a mulher que mais amo no mundo. Isso é tudo culpa minha.”
“Por muito que me arrependa, tudo o que aconteceu naquela noite foi consensual e todas as testemunhas presentes juraram isso sob juramento. Dei instruções à minha equipa jurídica para recorrer da decisão.”
Embora McGregor não tenha enfrentado acusações criminais pelas alegações, o caso cível viu os advogados de Hand argumentarem com sucesso que a sua cliente foi “violada e agredida” pelo lutador irlandês. Em tribunal, McGregor afirmou ter tido relações sexuais consensuais com Hand e, embora o encontro fosse “atlético, físico”, negou tê-la violado.
Atualmente, não há um prazo definido para o Diretor do Ministério Público decidir sobre as alegações de perjúrio, enquanto os juízes da audiência de recurso continuam a ponderar a sua decisão sobre o caso principal.