Martin Brundle, analista da Sky Sports F1, acredita que a saída de Christian Horner da chefia da Red Bull torna a permanência de Max Verstappen na equipa “mais provável”. O anúncio do despedimento de Horner foi feito na quarta-feira.
Horner, que será substituído por Laurent Mekies, da Racing Bulls, liderava a Red Bull desde a sua fundação em 2005. Durante a sua gestão, a equipa alcançou um sucesso notável, conquistando seis títulos de Construtores e oito títulos de Pilotos no Campeonato do Mundo de Fórmula 1.
O ex-chefe de equipa, de 51 anos, ainda não se pronunciou publicamente sobre o seu despedimento. No entanto, Brundle refere que, segundo as suas informações, “nenhuma razão” específica foi apresentada a Horner no momento da sua saída.
“Não é algo totalmente inesperado, considerando os problemas na equipa. Fico bastante triste com isto. Considero o Christian um amigo e ele fez um trabalho incrível durante 20 anos”, disse Brundle à Sky Sports News. “Ele ganhou imensas corridas e campeonatos do mundo para pilotos e para a equipa. Transformou o que era a equipa Stewart e depois Jaguar num enorme complexo em Milton Keynes e obteve muito sucesso e um vasto palmarés de troféus.”
Brundle acrescentou que era perceptível no paddock da F1 que a situação interna na equipa não estava a correr bem.
“Não era difícil perceber no paddock da F1 que as coisas não estavam particularmente bem.”
O analista sugere que a morte do co-fundador da Red Bull, Dietrich Mateschitz, em 2022, desencadeou uma prolongada luta pelo poder dentro da organização. Esta disputa interna terá culminado agora no despedimento de Horner, quase três anos após a morte de Mateschitz.
“Dietrich era o dono de 49% da Red Bull e fundou a equipa com a família Yoovidhya”, explicou Brundle. “Ele estava no comando. Nada acontecia sem a aprovação de Mateschitz. Era o líder absoluto do grupo. Desde a sua morte, as coisas começaram a complicar-se.”
Horner enfrentou um período desafiante nos últimos 18 meses, marcado por alegações de comportamento inadequado feitas por uma colega em fevereiro de 2024. Embora as alegações tenham sido rejeitadas após um recurso no verão passado (Horner sempre negou as acusações), a controvérsia persistiu.
Adicionalmente, no ano passado, uma conhecida desavença pública entre Jos Verstappen, pai de Max, e Horner manteve-se ao longo da temporada, levantando sérias questões sobre o futuro de Max na equipa. Esta situação coincidiu com o facto de a Red Bull já não deter a clara vantagem de desempenho na pista em 2024, com os seus rivais a recuperarem terreno, apesar de Max Verstappen ter conseguido conquistar o seu quarto título mundial consecutivo (em 2023).
Recentemente, o chefe da Mercedes, Toto Wolff, chegou a revelar que estava em “conversas” com o círculo próximo de Verstappen sobre uma potencial e surpreendente mudança para a equipa alemã.
Face a este cenário, Brundle pondera o impacto da saída de Horner no futuro de Max Verstappen.
“Isso talvez torne mais provável que os Verstappen [Jos e Max] fiquem. Penso que a situação se tornou bastante pessoal”, disse Brundle. “Cada ponto, pódio e vitória que o Max conquista com a sua genialidade na pilotagem é num carro da Red Bull. Ele disse muitas vezes que quer terminar a carreira na Red Bull, se possível. Vão estrear o seu próprio motor pela primeira vez no próximo ano, o que será a maior mudança na história da F1 em termos de carro e unidade de potência, ao mesmo tempo.”
Referindo-se à posição dominante de Horner na equipa e à cláusula de saída de Max Verstappen, Brundle conclui:
“O Christian esteve completamente no comando desse aspeto da equipa. O Max tem uma cláusula de saída baseada na sua posição no campeonato do mundo no final deste mês. Isso significa que ele tem mais probabilidade de sair ou ficar? Só posso conjeturar que significa que ele tem mais probabilidade de ficar na equipa.”
Laurent Mekies Assume o Comando na Red Bull
A Red Bull inicia um novo capítulo com Laurent Mekies a tornar-se o segundo chefe de equipa na sua história. Esta transição acontecerá a partir da próxima corrida de F1 na Bélgica, agendada para 25 a 27 de julho.
Mekies tem uma longa ligação ao universo Red Bull. Juntou-se à equipa satélite, na altura conhecida como Toro Rosso, em 2006, como engenheiro. Posteriormente, desempenhou funções na FIA, tornando-se diretor de segurança em 2014 e diretor de corrida adjunto em 2017. Em 2018, Mekies mudou-se para a Ferrari como diretor desportivo, regressando à família Red Bull no início de 2024 para assumir o cargo de chefe de equipa na Racing Bulls.
“Estamos a ver cada vez mais pessoas como ele a tornarem-se chefes de equipa”, comentou Brundle, destacando a tendência de perfis mais técnicos na liderança das equipas. “Olhem para o trabalho incrível que Andrea Stella está a fazer na McLaren, James Vowles na Williams – pessoas com formação técnica estão no comando desse aspeto.”
Brundle elogiou o trabalho de Mekies na Racing Bulls e a rápida decisão da Red Bull em promovê-lo. Mencionou também a mudança de Jonathan Wheatley para a Sauber (futura Audi), sugerindo que a ambição de Wheatley em ocupar o lugar de Horner pode ter sido um fator na sua decisão.
“O Laurent fez um ótimo trabalho na Racing Bulls e eles viram isso dentro do grupo Red Bull e transferiram-no imediatamente. Jonathan Wheatley, que teria desejado muito este cargo, mudou-se para a Sauber, que se tornará Audi, e talvez o facto de ele cobiçar o lugar do Christian tenha acelerado isso.”
Finalmente, Brundle referiu que Alan Permane, que substituirá Mekies na Racing Bulls, também traz uma vasta experiência operacional para a sua nova função.
“Alan Permane, que vai substituir Mekies na Racing Bulls, também tem uma vasta experiência no lado operacional de uma equipa de F1.”
