Ariane da Silva teve um choque de realidade na sua mais recente aparição no UFC, e a derrota para Jasmine Jasudavicius, que expôs uma falha evidente, motivou uma mudança no seu treino antes do próximo confronto com Wang Cong, marcado para a porção preliminar do card do UFC 316 deste fim de semana em Newark.
Em conversa com o MMA Fighting, Da Silva revelou ter saído da Flórida por três semanas para se dedicar intensivamente ao treino de luta livre (wrestling) com Angel Cejudo no Arizona. O objetivo, trabalhando com o irmão do ex-campeão do UFC Henry Cejudo, era corrigir as lacunas no seu jogo. A sua rotina nesse período era “praticamente apenas grappling sem quimono e luta livre”, com treinos ocasionais ao lado de Henry e Tracy Cortez.
“O ano passado foi um pouco complicado”, afirmou Da Silva. “Tinha alguns parceiros de treino de luta livre, mas o meu treinador abriu um ginásio novo e os nossos horários não coincidiam desde o combate com a Casey O’Neill, por isso acabámos por não treinar juntos. Tudo o que fazia era trabalhar a minha luta livre durante o treino de MMA.”
“No combate com a Karine [Silva], senti que simplesmente não consegui reagir, pensei que era algo mais mental do que técnico. Mas depois tivemos o combate com a Jasmine e percebi: `Não, estas não são posições que desconheço. Não é como se eu não soubesse defender uma queda de uma perna ou de duas pernas. O meu corpo não reagiu no momento certo, não executou a técnica correta. Não fez o que era necessário para defender uma queda`.”
A antiga campeã peso-mosca do KSW sentiu que esta mudança era crucial, especialmente após ter a sua sequência de três vitórias interrompida pelas derrotas contra Karine Silva e Jasmine Jasudavicius.
“Vimos que eu precisava de treinar”, explicou Da Silva. “Todo atleta treina e aprende de uma maneira específica. Como é que eu aprendo? Através da repetição. Tenho de treinar muito, tenho de repetir inúmeras vezes para que o meu corpo reaja de forma automática e correta no combate. E foi exatamente isso que fizemos agora. Realizámos um curso intensivo de luta livre sem sequer saber quem seria a próxima adversária.”
Inicialmente, Da Silva esperava defrontar Miranda Maverick. Contudo, o desafio será contra uma promessa chinesa que recentemente recuperou de uma surpreendente derrota para Gabriella Fernandes com uma vitória por decisão sobre Bruna Brasil.
“Acredito que ela possa até tentar um plano de jogo focado no grappling contra mim, já que essa é uma fragilidade que mostrei nos meus últimos combates, então tenho de estar preparada para qualquer cenário”, comentou Da Silva. “Treinei tudo com a máxima intensidade para que o meu corpo possa reagir e ter a resposta adequada para o que quer que o combate exija.”
Apesar de vir de duas derrotas consecutivas no UFC, Da Silva mostra-se confiante, e espera o mesmo de Wang Cong, mesmo que a projeção desta tenha sido abalada após perder para Fernandes e ir a decisão contra uma adversária que é naturalmente peso-palha.
“Acredito que todo lutador entra confiante num combate, independentemente da sua situação”, disse Da Silva, que tem seis vitórias em 13 aparições no octógono. “Posso falar por mim. Venho de duas derrotas e ainda assim sinto-me confiante. Não posso analisar o desempenho dela e especular sobre o seu estado mental. Mas posso analisá-la tecnicamente, e acredito que será um excelente combate porque ambas somos strikers.”
“Ela é muito técnica na luta em pé e não faz nada imprudente”, acrescentou. “Portanto, acredito que este combate se desenrolará maioritariamente em pé e será bastante entusiasmante para os fãs. É uma oportunidade para eu mostrar toda a minha evolução no MMA, mas acima de tudo, para me divertir lá dentro. Estou a lutar contra uma striker e acredito que serei capaz de entrar, divertir-me, exibir a minha técnica, tudo o que aprendi e todo o meu arsenal de striking.”