O panorama do UFC era bastante diferente na última vez que Allan Nascimento subiu ao octógono.
Em janeiro de 2023, quando “Puro Osso” finalizou Carlos Hernandez, Amanda Nunes ainda estava em atividade, Aljamain Sterling e Francis Ngannou eram campeões, e Alex Pereira e Jon Jones ainda não tinham mudado de categoria de peso.
Nascimento finalmente põe fim à mais longa ausência da sua carreira no UFC ao entrar na jaula este sábado para defrontar Jafel Filho no UFC Vegas 107. Foram muitos obstáculos a superar ao longo destes 868 dias.
“Loucura, não é? É muito complicado, na verdade”, disse Nascimento. “É um desporto que exige imenso esforço físico. Tive mesmo alguns percalços no caminho, algumas lesões e problemas de saúde em algumas das lutas que foram marcadas, mas graças a Deus agora estou bem.”
Após a sua segunda vitória consecutiva no UFC, Nascimento foi forçado a desistir de lutas contra Tim Elliott e Sumudaerji. Depois de recuperar de uma cirurgia ao joelho, retirou-se de um confronto com Jafel Filho durante a semana da luta, quando estavam inicialmente agendados para agosto passado. O lutador da Chute Boxe tinha agendado o seu regresso à jaula em março, mas viu o seu adversário, Asu Almabayev, ser promovido para o evento principal contra Manel Kape.
“O MMA é muito imprevisível porque não se trabalha por épocas, por isso é difícil periodizar”, disse Nascimento. “Tens de te manter ativo a toda a hora, sempre à espera que uma data e uma luta sejam marcadas, por isso estás a treinar 365 dias. Mas faz parte do desporto. É uma competição agressiva com por vezes três ou quatro lutas por ano com 300 dias de treino. Por isso, a probabilidade de lesões e coisas sérias acontecerem é um pouco mais alta.”
Apesar de não entrar na jaula há quase 900 dias, o peso-mosca brasileiro esteve no ginásio durante a maior parte desse tempo, a treinar e a aprender, e promete uma grande exibição no seu tão esperado regresso. Para deixar os problemas de saúde para trás, Nascimento revelou que começou a praticar ioga.
“Aprendi a dosear melhor o treino”, disse Nascimento. “Estive parado dois anos e meio, mas fiz questão de não me preocupar apenas com a luta e o treino, mas também comecei a fazer ioga, por exemplo. Ajudou-me imenso. Não temos de focar-nos apenas no aspeto da luta do treino, mas nós, lutadores, temos de cuidar das nossas mentes para conseguirmos seguir o plano lá dentro. E o ioga ajudou-me imenso. Acho que foi um grande trunfo para mim ultimamente.”
Em termos de habilidades de artes marciais, Filho e Nascimento são dois especialistas em finalização provenientes de dois campos de MMA renomados no Brasil, Nova União e Chute Boxe. Por isso, Nascimento antevê uma verdadeira partida de xadrez no UFC APEX na noite de sábado.
“É difícil dizer `o meu [jiu-jitsu] é melhor`, mas sinto-me mais bem preparado, com o meu jiu-jitsu mais ajustado”, disse Nascimento. “Sou faixa preta sob o Mestre Barbosa, por isso não precisa de mais explicações sobre o quanto este homem me ensinou e fez o meu jiu-jitsu passar da competição de gi para o MMA, por exemplo. Sabemos que é diferente.”
“Consegui mostrar isso na maioria das lutas da minha carreira. Acho que tudo se resume aos detalhes. Jafel é um lutador completo. Sabemos que ele troca em pé, gosta disso, e tem um jiu-jitsu muito apurado. Ambos temos áreas que podemos explorar, por isso veremos quem explora isso melhor na luta.”
